Resumo:
A Miocardiopatia Takotsubo (MT) ocorre maioritariamente em doentes idosos do género feminino, com associação causal a fatores de stress emocional ou físico. O stress poderá provocar elevações nos níveis de catecolaminas e hiperexpressividade do sistema nervoso simpático, resultando num quadro semelhante a stunning miocárdico neurogénico, onde ocorre “balonamento” dos segmentos meso-apicais do ventrículo esquerdo (VE). Este traduz-se em alterações da cinética das paredes do VE e é identificado por ecocardiografia ou ventriculografia. A coronariografia, tipicamente, revela ausência de estenose superior a 50%, oclusões do lúmen ou rutura de placa, mas a apresentação clínica na fase aguda é sugestiva de Síndrome Coronário Agudo (SCA) e o eletrocardiograma (ECG) apresenta alterações sugestivas de Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM) anterior. Os achados mais comuns são o supradesnivelamento do segmento ST e inversão da onda T nas derivações pré-cordiais. Alterações de repolarização nas derivações inferiores ou laterais, ausência de alterações eletrocardiográficas, bloqueio de ramo de novo, taquicardia ventricular (TV) ou fibrilhação ventricular (FV) podem ocorrer, ainda que com menor frequência. O supradesnivelamento do segmento ST reverte ao fim de poucos dias, mas persistem ondas T negativas e um prolongamento do intervalo QT com duração que pode ir até quatro meses. Este prolongamento do intervalo QT indicia um maior risco de disritmias ventriculares malignas em doentes com vulnerabilidade por QT longo prévio. Assim, o ECG tem utilidade limitada no diagnóstico da MT, mas permite avaliar a sua evolução e identificar os doentes em risco de desenvolver arritmias malignas.
The role of the electrocardiogram in the diagnosis of Takotsubo Cardiomyopathy
Takotsubo Cardiomyopathy (TC) occurs mostly in older and female patients, and is associated with emotional or physical stress triggers. Stress might induce an elevation in catecholamine levels and overexpression of the sympathetic nervous system, resulting in a process similar to neurogenic myocardial stunning, where there is a ballooning of the left ventricle’s (LV) mid and apical segments. These wall motion abnormalities in the LV can be detected by echocardiography or ventriculography. Coronary angiography typically displays an absence of stenosis over 50%,
luminal occlusions or plaque rupture, but the clinical presentation on acute stages is suggestive of Acute Coronary Syndrome (ACS) and the electrocardiogram (ECG) displays changes related to anterior Acute Myocardial Infarction (AMI). The most common findings are ST segment elevation and T wave inversion in the precordial leads. Repolarization abnormalities in inferior or lateral leads, absence of electrocardiographic abnormalities, de novo bundle branch block, ventricular tachycardia (VT) or ventricular fibrillation (VF) may occur, but are substantially less frequent. The ST segment
elevation reverts in just a few days, but negative T waves and QT interval prolongation persist for up to four months. This prolongation of the QT interval carries an increased risk for the development of malignant ventricular arrhythmias in patients already vulnerable from a previous long QT interval. Therefore, the ECG has a limited utility in the diagnosis of TC, yet is able to assess its progress and identify patients at risk of developing malignant arrhythmias.
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